26/05/2020
Libérez Lula - Comité de Solidarité à Lula et pour la Démocratie au Brésil
Lettre envoyée au journal Le Monde, le 21 mai 2020. (français et portugais)
Mesdames, Messieurs,
Nous voudrions exprimer tout notre soutien au journal, ainsi que le rejet le plus profond du contenu inconvenant de la lettre qui vous a été envoyée par Monsieur l'Ambassadeur du Brésil en France en réponse à l'éditorial «Brésil : la dangereuse fuite en avant de Bolsonaro ». Outre le fait qu’il n’ait point suscité d’étonnement parmi la diaspora brésilienne - car il est, hélas, l'expression de la réalité la plus crue - nous réitérons que depuis son élection, le président Bolsonaro n’a cessé de couvrir notre pays de honte à l'étranger, transformant le Brésil en un tragique théâtre de l’absurde. Il faut rappeler qu'une de ses premières mesures lors de son investiture fut d’expulser les médecins cubains qui soignaient les habitants des régions éloignées, désormais condamnés à l’abandon sanitaire.
La situation actuelle peut être décrite comme désespérante. Aucune cohérence, aucune initiative de coordination visant à intégrer la Fédération des États en vue de prévenir et de lutter contre la pandémie n’ont vu le jour. Au milieu de cette crise majeure, Bolsonaro parie sur la guerre idéologique, poussant par ailleurs à la démission ses deux ministres de la Santé qui essayaient de faire leur travail sur des bases scientifiques. Sans aucun sens de responsabilité, sans la moindre conscience de la position qu'il occupe, le président exhorte la population à briser le confinement, d’ailleurs comme lui-même, qui faisant partie du groupe à risque a depuis quelques jours maintes fois participé à des actes de foule, touchant et enlaçant ces pauvres fanatiques qui insistent à le soutenir. Par ailleurs, Bolsonaro a freiné autant que possible la mise en place d’un budget d'urgence pour aider les plus démunis et les plus vulnérables, aide pour autant approuvée par le Congrès.
Il nous paraît délirant que même un représentant de ce gouvernement incompétent essaie de minimiser l'impact de l'absence de prises de position cohérentes face au funeste bilan de plus de 18 mille décès à ce jour. Prétendre que le Brésil était économiquement stable avant la pandémie revient à ignorer les faits et à occulter les statistiques. Les chiffres dont nous disposons prouvent le résultat désastreux de sa gestion : en 2019, la plus importante dévalorisation du real par rapport au dollar dans l’histoire du Brésil ; le chômage franchissant la barre de 11% ; la chute du PIB ; la fuite des investissements étrangers ; la hausse de la pauvreté extrême et des inégalités sociales ; le retour du Brésil dans la carte de la faim de l’ONU. Tristes records…
En fait, Bolsonaro incarne l'impréparation, l'arrogance et la médiocrité, qu'il n'essaie même pas de déguiser. Au contraire, il renforce l'image d’un pathétique "Hitler des tropiques", dans sa pratique quotidienne de mépris des journalistes, dans sa “nécropolitique” menée envers les peuples autochtones de l’Amazonie, les Noirs, les habitants des favelas et des bidonvilles, et dans la confiscation des droits des travailleurs et des minorités en général.
Le texte de Monsieur l'Ambassadeur, cherchant à défendre l'indéfendable, frôle le ridicule. Rempli de contre-vérités et de manipulations, il accrédite les fake news, répliquées par les robots du "Bureau de la haine”, lequel est dirigé par des membres du gouvernement et par la famille du Président.
Nous tenons donc à souligner que l’actuel président ne nous représente pas, ni l'Ambassadeur susmentionné, qui se prête à ce rôle pitoyable et indigne, ternissant la réputation de l'Itamaraty et nous laissant, tous et chacun, désemparés.
Pour conclure, nous voulons illustrer son attitude négligente face au chaos, avec quelques éléments de langage de Bolsonaro utilisés durant la catastrophe sanitaire:
« 1000 morts - C’est de l’hystérie
3000 morts - Qu‘une petite grippette sans importance
5000 morts - Je ne suis pas un croque-mort
7000 morts - Et alors ? Je suis un Messie, ( allusion à son nom de famille), mais je ne fais pas des miracles
10000 morts - Je vais organiser un barbecue
14000 morts - Je fais du jet ski
Plus de 18000 morts - La droite prend de la chloroquine, et la gauche, de la Tubaïne (une marque brésilienne de soda).
En remerciant vivement les journalistes et éditorialistes du journal Le Monde,
Nous, des citoyens et des citoyennes indignés devant la tragédie sanitaire au Brésil sous le joug de Bolsonaro, faisons partie des groupes brésiliens divers, toujours en action entre solidarité et résistance.
Parmi eux, ceux de nature politique comme Alerte France Brésil, Comité Libérez Lula et Femmes de la Résistance qui, surtout après le coup d’état qui a destitué la présidente Dilma Rousseff, organisent des manifestations, des débats et des rencontres militantes.
Le groupe d’entraide "les Brésiliennes de Paris", a également une tradition d’engagement. Ce fut ce groupe qui, fort de ses presque 6 mille membres, l’année dernière, avait envoyé une lettre de solidarité à Brigitte Macron, lors les agressions verbales de la part de Jair Bolsonaro.
Senhoras e senhores,
Gostaríamos de expressar nosso total apoio ao jornal Le Monde, bem como a mais profunda rejeição ao conteúdo da carta enviada pelo Embaixador do Brasil na França, em resposta ao editorial "Brasil: o perigo da desastrosa gestão de Bolsonaro face à crise". Além do fato de não ter causado espanto entre a diáspora brasileira - por ser, infelizmente, a expressão da mais crua realidade - reiteramos que, desde a sua eleição, o presidente tem coberto nosso país de vergonha no exterior, transformando-o em um trágico teatro do absurdo. É sempre bom lembrar que uma de suas primeiras medidas após a posse foi a de expulsar os médicos cubanos que atendiam os habitantes de áreas remotas, desde então condenados ao abandono em termos de saúde.
A situação atual pode ser descrita como desesperadora. Nenhuma coerência, nenhuma iniciativa de coordenação para integrar os Estados na Federação, no sentido de prevenir e combater a pandemia. Em meio à crise sem precedentes, Bolsonaro aposta na guerra ideológica, e pressionou seus dois ministros da saúde a se demitirem, pela simples razão de tentarem fazer o seu trabalho corretamente.
Sem qualquer senso de responsabilidade, sem a menor consciência da posição que ocupa, o Presidente instiga a população a romper o isolamento social. Inclusive ele próprio, que faz parte do grupo de risco, tem participado de atos públicos, tocando e abraçando os fanáticos que insistem em apoiá-lo. Bolsonaro também retardou ao máximo a implementação de uma ajuda emergencial, que foi aprovada pelo Congresso, para socorrer os mais carentes e vulneráveis.
Parece-nos delirante que mesmo um representante de um governo incompetente como esse tente minimizar o impacto da falta de posições coerentes frente o número nefasto de mortos, que hoje já ultrapassa a barreira dos 22.000. Além disso, afirmar que o Brasil era economicamente estável antes da pandemia é ignorar os fatos e esconder as estatísticas. Sobre o resultado desastroso de sua gestão, os números falam por si: em 2019, houve a maior desvalorização do real na história do Brasil; o desemprego ultrapassa a marca de 11%; o PIB está em queda; assiste-se à fuga dos investidores estrangeiros; verifica-se o aumento da pobreza extrema e da desigualdade social, bem como o retorno do Brasil ao mapa da fome da ONU. Tristes registros...
Na verdade, Bolsonaro encarna o despreparo, a arrogância e a mediocridade, que ele nem tenta disfarçar. Ao contrário, reforça a imagem de um patético "Hitler dos trópicos", na sua prática cotidiana de desprezo aos jornalistas, na sua "necropolítica" contra os povos indígenas da Amazônia, contra os negros, os habitantes de favelas e das periferias, e no confisco dos direitos dos trabalhadores e das minorias em geral.
Buscando defender o indefensável, o texto do Embaixador beira o ridículo. Repleto de inverdades e manipulações, ele credencia as fake news, replicadas pelos robôs do "Gabinete do Ódio", que é dirigido por membros do governo e da própria família do chefe da nação.
Enfatizamos, portanto, que esse Presidente não nos representa, nem o referido Embaixador, que se presta a um papel lamentável e indigno, manchando a reputação do Itamaraty, e deixando-nos, todos nós, estupefactos.
Para concluir, viemos ilustrar a sua atitude leviana diante do caos, com alguns exemplos do linguajar por ele utilizado durante o desastre sanitário:
"1000 mortos - Pura histeria !
3000 mortos - Uma gripezinha de nada !
5000 mortos - Eu não sou coveiro !
7.000 mortos. - Eu sou o Messias, (aludindo ao seu sobrenome), mas não faço milagres!
10.000 mortos - Vou organizar um churrasco!
14.000 mortos - Vou passear de jet ski!
Mais de 18.000 mortos - A direita toma cloroquina, e a esquerda, Tubaína (marca brasileira de refrigerante).
Agradecendo os jornalistas e editorialistas do Le Monde,
Nós, cidadãs e cidadãos indignados com a tragédia da saúde no Brasil sob o jugo de Bolsonaro, integramos os diversos grupos de brasileiras e brasileiros expatriados, sempre em ação entre a solidariedade e a resistência. Entre eles, os de natureza política como o Alerta França Brasil, o Comitê Lula Livre e o Mulheres da Resistência que, especialmente após o golpe de Estado que derrubou a presidente Dilma Rousseff em 2016, organizam manifestações, debates e reuniões militantes; ou grupos de ajuda mútua como o "Brasileiras de Paris”, que também tem uma tradição de engajamento social. Foi esse último que, com seus quase 6.000 membros, enviou, no ano passado, uma carta de solidariedade a Brigitte Macron, após os ataques machistas de Jair Bolsonaro.